terça-feira, 24 de maio de 2011

Pobre mendigo Jesus.


No meu bairro tem muitas igrejas, na verdade tem mais igrejas que padarias e farmácias juntas. O percentual de evangélicos em Goiânia é alto...que benção! Na rua Brasília, que não é uma rua extensa, existem cinco igrejas evangélicas, e em uma determinada quadra, tem uma em frente à outra. De um lado um templo do Ministério Andando com Deus (dizem que é dissidente da Igreja Deus é Amor) e de outro um belo templo Igreja Assembléia de Deus, do Ministério Fama, recém reformado, muito confortável. Nesta ultima igreja, muitos irmãos abençoados possuem belos carros, inclusive um Porsche Cayenne estacionado chama a atenção, que pra quem o conhece, sabe que vale o preço de quinze carros populares... que maravilha! Os imãos devem estar colhendo os "frutos" da campanha dos R$ 900,00 do Pr Silas Malafaia.

Quando os cultos dessas duas igrejas são no mesmo horário, seus pastores conseguem enxergar um ao outro pelas belas fachadas de vidro, mas suas doutrinas não se falam, apesar de estarem com o mesmo livro aberto em seus púlpitos, e cultuarem o mesmo Deus. Do lado de fora , na calçada da igreja Ministério Andando com Deus, mora um mendigo, negro, de uns 40 anos de idade, que se abriga na marquise. Todo dia ele está lá na sua casa ao ar livre, sem nem mesmo um papelão entre ele e o chão. Quem o alimenta durante o dia, normalmente, é o seu Elízio que possui um pequeno restaurante ao lado da igreja.

A noite é fria e ao som de “Dá-me um coração igual ao Teu” do grupo Diante do Trono, vindo da sua vizinha Igreja evangélica, que canta para as paredes, o mendigo deve ter sua própria versão da música: “dá-me um pedaço de pão igual ao seu, dá-me um banho quente igual ao seu, dá-me um abraço igual ao que você dá ao seu irmão”. O culto termina, os irmãos saem alegres, se abraçando, dando glórias a Deus, acelerando seus carros com adesivos “ foi Deus que me deu” ou “A serviço do Rei Jesus”, sem notá-lo, e pensando o quanto Deus é bom... para com eles.

Pobre mendigo Jesus, com fome e frio, lá fora da igreja, que não tem uma sorte dessas na vida... vai ver pensam que o que lhe falta é fé.

"Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.

Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?

Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. (MT 25: 42 a 45)


Esse texto não é ficção e ele vale como reflexão e avaliação do que nos tornamos, e que Deus nos salve de um Brasil evangélico assim.

3 comentários:

  1. Parabéns pelo texto, aqui em São Paulo eu vejo isso todos os dias, na rua da 'minha' igreja eu vejo sempre um jovem nestas mesmas condições, seu texto em fez refletir e vou passá-lo aos meus contatos e amigos.

    Ah! Eu vou conversar com ele quando o vir novamente.

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  2. Olá mano, vai sim, pois é seu irmão. No texto não me refiro a atitudes individuais, apesar de serem as mais importantes, mas quero ressaltar a atitude da igreja como um todo, como um grupo que pode ser mobilizado para atender aos pobres do seu próprio bairro, aqueles que são vizinhos dela.

    Me lembro que as igrejas antigamente se mobilizavam mais por causas sociais nos seus bairros, recolhiam os mendigos em um dia de sábado para dar-lhes roupas, banho, comida, corte de cabelo, ensino da Palavra e se disporem a estarem sempre abertas para eles, mesmo que estivessem bêbados ou sujos. Muitos deles conseguiam uma casa para acolhê-los ou um albergue, emprego e por aí vai.

    O problema é que existe falta de fé de nossa parte para com eles. A gente sempre acha que são casos perdidos, trabalhosos e que não valhem o esforço, mas se nós nos deixarmos levar por essa preguiça, não seremos discípulos eficazes de Jesus, mas sim discipulos do conforto do clube chamado igreja.

    Em dias de Teologia da Prosteridade, os crentes dão o dízimo e oferta na igreja, transferindo esse cuidado para a administração do pastor local e este recebe os donativos em espécie e transfere essa trabalho para Deus só com orações, e Jesus fica do lado de fora.

    Para muitas igrejas os mendigos são exemplo de falta de prosperidade, falta de fé, fracasso pessoal, logo falta de Deus.

    Sugira a seu pastor que façam uma mobilização dos irmãos nesse sentido, doem um sabado para darem o primeiro passo para abençoar essas vidas, mas não fique frustrado com as adesões, pois serão poucas.

    Um abraço!

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  3. é nos simples gestos que cultivamos o verdadeiro amor. Quantos não enchem as suas bocas para proclamar a palavra e nosso Amado Salvador, no entanto eles se esquecem que foram feito imagem e semelhança de Deus, e que também foi com um coração humano que Jesus amou seu próximo. Como é triste tamanha hipocrisia desses "servos de Deus" que são incapazes de dá um pão ao seu irmão ou, simplesmente sentar ao lado e dizer, meu filho, Jesus te ama e é para transmitir esta mensagem que estou aqui. Somente palavras como essas tornaria o dia deste pobre de Deus feliz!
    Aline X. Bras

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